14/01/2010 (ataque de desespero)


Estou tão saturada desta solidão, parece que me corta por dentro.

Não podemos culpar as pessoas pela nossa desilusão, criei expectativas e desiludi-me, a culpa é minha. Os erros servem para aprendermos, mas será que é preciso doer tanto? Podia existir um livro, que a gente lesse e aprendesse, não fosse preciso bater com a cara na porta tanta vez.

Que me restou?

Estou na faculdade, sim, devia estar feliz? Estou a ter uma oportunidade que muitas pessoas queriam e não têm. Os meus pais estão a tentar dar-me um futuro melhor do que o deles. E eu? que faço eu? Não era minha obrigação torná-los orgulhosos? Que faço eu? Não consigo gostar do curso, não é isto que quero para mim. Não quero ver gente doente, todo o dia que sair para trabalhar. Não gosto da faculdade, não gosto das pessoas, não gosto do ambiente, não me sinto bem lá. Porquê? Será que um dia isto passa? Queria ter gosto pelo que faço.

Não sei de onde vem tanta tristeza, tanta desilusão, tanto desespero e mal-estar.

Não ter para onde ir, ou com quem estar, dói. Não ter com quem contar, dói. Saber que ninguém anseia pela nossa companhia, dói. Saber que podemos ser invisíveis, que a nossa dor pode até passar despercebida, dói. Não saber como a fazer desaparecer, dói. Não saber o que fazer...dói.

Anseio por um lugar. Anseio por pertencer a um lugar. Anseio por ter o meu lugar. Anseio por saber que um dia vou existir...será que algum dia este dia existirá?

Queria que houvesse um jeito de acabar com isto tudo. É esse o meu desejo. Que acabe o pesadelo.

Que me restou?

Que alguém me diga que restou algo bom. Que alguém me aponte o bom que pode existir. Que alguém aponte o bom que posso encontrar ao acordar todos os dias de manhã. Que alguém me dê a força, que deixei para trás.

Ao olhar para trás, sinto que a vida que levo agora, não é vida. Era adorada por todos que me rodeavam. Era feliz, era amiga, todas as minhas amigas queriam estar comigo, queriam conversar e desabafar comigo. Tinha sempre alguém do meu lado.
Ao olhar para trás, vem-me à lembrança a Sofia, uma pessoa com tantas razões para viver revoltada com a vida e sempre foi a primeira pessoa a estender a mão, a dar uma palavra de força e apoio, e a oferecer o seu sorriso. Onde está uma amizade como a dela? Uma pessoa como ela? É justo pedir para morrer, depois de ver o exemplo de vida e a garra dela?

Que me restou?

Porquê que estou neste abismo?

Implorar pela amizade de alguém, não é amizade. Então que significa? que desespero é este?

Afastei as pessoas da minha vida. Afastei as poucas pessoas que tinha para chamar de amigos. Julguei que tinha do meu lado a amizade mais valiosa. Julguei que tinha do meu lado a única pessoa que precisava. Não me importou o resto. Tudo valia a pena. E agora?

Que me restou?

E se perguntar a mim mesma o que NÃO restou?

Não me restaram amigos. Não me restou bem estar. Não me restou felicidade. Não me restou amor. Não me restou amizade. Não me restou a pessoa por quem dei a volta à minha vida. Não me restou lugar algum. Não me restou paz na alma. Não me restou nem a minha pessoa. Desapareci.

Que me restou afinal? Talvez já possa responder. Que me restou?

Restou-me....as lágrimas no rosto todos os dias (minhas fiéis companheiras). Restou-me, a dor do vazio. Restou-me um nada. Restou-me, a solidão.

Não quero que me acompanhe para sempre. Estou sufocada, perdida, sinto-me de mãos atadas, pior, não me sinto.

Sei que não é justo, para pessoas como a Sofia. Mas queria morrer.

Não quero esta solidão, isto não é mais vida. Quero morrer.

Não me quero.

sábado, 6 de fevereiro de 2010 à(s) 23:18

0 Comments to "14/01/2010 (ataque de desespero)"

Enviar um comentário